24 novembro 2007

O fim do que nunca começa

Pode haver um final quando não existe um princípio?
Na escola ensinavam-nos que uma frase deve ter princípio meio e fim.
Deve ser lógica, ter sequência.
No entanto acredito no princípio do fim. Esse sim existe.
A minha história, mais uma vez, não tem principio, não tem lógica, e a sequência é confusa… mas tem fim.

Desligo o telefone. Do outro lado diz-me –“tenho que desligar, estou a entrar no restaurante, vou jantar com uns amigos”.
Os homens têm a infinita necessidade de se explicar. Isso retira-lhes o peso insuportável da culpa, da consciência pesada.
Porque não: “tenho que desligar” e ponto final?
Não… ele está a entrar no restaurante (pormenor extremamente importante). E mais: vai ter com os amigos (pormenor másculo de salientar).
E pronto, desta forma pretendem que fiquemos informadas que são seres socialmente activos, e que não precisam das mulheres para nada.

No outro dia falava com uma amiga que está a passar uma fase muito difícil, depois do fim de uma relação de muitos anos (aquelas que têm principio, meio e fim). E eu dizia-lhe, do alto da minha experiência de relações frustradas, que custa sempre muito, que o mundo desaba em cima de nós, que os dias querem ser passados debaixo do edredon sem ver ninguém, que as lágrimas formam rios em redor da cama, que nunca mais vai haver um outro que nos faça sentir assim… etc... mas o que é certo (e isto é mesmo certo) é que há um dia em que se dá o CLIC… Acordamos… e tudo mudou. A dor no peito desapareceu, a angústia dissipa-se, a vontade voltou e tudo recomeça, invariavelmente, outra vez. Porquê? Porque sim. Porque no fundo somos todos iguais. Porque tudo se relativiza. Porque a vida é demasiado preciosa e e cheia de cores para nos perdermos pelo caminho, apenas porque houve um filho da puta qualquer que não soube ver a pessoa maravilhosa que somos (nestas coisas TEM MESMO QUE HAVER FALTA DE MODÉSTIA). Porque tudo se renova, porque haverá algures alguém... um dia... (esperemos) que nos vai fazer de novo acreditar. Que vai olhar para nós e querer correr o mundo connosco. Que vai sorrir quando nos abraçar, que vai dizer até amanhã, com vontade de ficar... o resto? o resto não interessa.

E assim recomeçamos.
Para mim hoje começou tudo de novo. Depois de 2 dias de cama, com uma crise de estômago que não me deixava fazer mais nada a não ser pensar, resolvi organizar a cabeça e o coração, resumir os últimos 3 meses e resolvi resolver a minha vida (passo a redundância).

E assim me vou embora. Sem olhar para trás. (regra Nº1: nunca olhar para trás)
Já chorei tudo, já me perguntei 254 vezes “porquê eu?”, por isso já posso seguir em frente.
A única coisa que acabamos sempre por lamentar nisto tudo, é tornarmo-nos cada vez mais frias, desacreditadas, arrogantes.
Mas ninguém disse que era fácil. E quando o fim vem antes do início mais difícil se torna.

Na minha agenda de 2003 encontrei um pensamento, retirado da parede de um bar, algures no Algarve que dizia assim:

“Amo a liberdade, por isso todas as coisas que amo deixo-as livres; se um dia voltarem foi porque as conquistei, se não voltarem, foi porque nunca as possuí”

Não sei o autor… mas não interessa o que realmente importa está neste post em itálico.

3 comentários:

Anónimo disse...

O princípio do fim...ou o fim de um princípio (acho que mais ou menos assim que me sinto), a bater no fundo, mesmo mesmo lá no fim, para depois começar a escalar, a construir um princípio para uma nova história...tomara que tenhas razão Patty, que as coisas que relativizem, que um dia acorde e me dê o click...tomara que tenhas razão e que esse dia chegue rápido!
Um grande bjinho para ti!

Anónimo disse...

...porque é que os cenários/as histórias se repetem? Porque é que te aparecem as dores no estômago, porque é que se criam rios à volta da tua cama, porquê?
Fundamentalmente porque tu acreditas, porque és genuína. Magoas-te?.... talvez, mas pelo menos não deixaste de viver a experiência e não deixaste de acreditar e isso é crucial para encontrares aquilo que tanto procuras!
Continua a acreditar!
Não deixes em momento algum que alguém te deixe, em momento algum, fazer pensar que tu não és linda... porque és! ÉS LINDA!
Um beijinho cheiinho de carinho
Inês Paulino

Anónimo disse...

CLIC...! Acho q n é preciso dizer + nada, miga. Só tenho pena de n termos + tempo p estar. Tenho saudades e qdo te leio ainda +. Até amanhã :) ***