28 maio 2008

A máquina da felicidade

Porque este poema faz sentido. Porque tem que ser partilhado. Porque temos que crescer, e aprender a viver e valorizar aquilo que temos. Porque não existe UMA felicidade. Mas várias, de tantas formas e cores.
Porque nos perdemos na constante busca de algo perfeito, que não existe, que pode até nunca chegar.... que pode até nunca ter existido. Porque não vivemos o presente, com medo do futuro e por desgosto do passado. Porque não sabemos viver e aproveitar a nossa vida. Que é esta! Agora! Neste momento!
Porque não nos apercebemos que amanhã já é tarde, quando ontem ainda era demasiado cedo. E assim deixamos escapar, como areia, por entre os dedos, a felicidade, a verdadeira...aquela que residia apenas nos pequenos gestos, nos pequenos nadas do dia-a-dia, nas gargalhadas que demos, num chocolate quando apetecia mesmo. Num café numa esplanada... numa tarde de praia. Porque acordamos todos os dias. Isto não vale?? Porque é que temos que correr atrás da perfeição, do momento ideal? Da altura certa?? Porquê??? Alguém me diz porquê???
Hoje estou tão cansada de tudo...

Fica o poema... pensem comigo

Falas da civilização

Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira,
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
Escuto sem te ouvir.Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!

Alberto Caeiro

25 maio 2008

Por estes dias (parte IV)

"Goodbye does not have to mean the end. sometimes it means a new begin "
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Por estes dias tudo tem sido uma nova aprendizagem... até a forma como me tenho conseguido superar a mim mesma. As forças que tenho encontrado escondidas, que não sabia que existiam.
Por estes dias, os amigos têm estado sempre lá. A qualquer hora. Passam-se tardes e noites divertidas, planeiam-se viagens, fins-de-semana, festas... tudo aquilo que obriga a não pensar.
Por estes dias vi mais filmes e fui mais ao cinema do que nos ultimos 6 meses.
Este fui ver, num dos dias em que me sentia mais triste, há uma semana atrás. Chama-se "My blueberry nights" e conta a história de uma rapariga q parte em busca de si mesma, depois de um desgosto amoroso... O filme é fascinante, simples. a banda sonora fanulosa. A fotografia maravilhosa. Em tantos anos, é o primeiro que assemelho ao (meu) filme da minha vida, Lost in translation.
Vale a pena ver. E a mensagem que fica... diz tudo. Porque eu própria me tenho apercebido que o fim de algo...pode apenas ser o inico de algo muito mais sólido, bonito, honesto e acima de tudo...genuíno.
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Lista dos que vi nos últimos dias (alguns ainda no cinema) que valem a pena:
- My blueberry nights
- Lars and the real girl
- The Mist (vale meeeesmo a pena)
- O amor em tempos de Colera
- Into the Wild (vale meeeesmo a pena)
- 27 dresses
- Catch and release
- Cloverfield (vale meeeesmo a pena)
- PS- I love you
Bons filmes!! ;)

22 maio 2008

Por estes dias (parte III)

Sim, a Patty foi para o bairro divertir-se com os amigos e amigas.
Sim, a Patty foi ver as vistas.
Sim, diz que houve tiroteio no bairro, que morreu alguém, e que além disso vários confrontos fizeram não sei quantos feridos.
A Patty acordou de manhã com 3 mensagens de amigos preocupados. Já viram? Amigos como os meus não há!!
Mas não... a Patty não foi baleada, não ficou estendidinha no chão do Bairro Alto, nem foi um dos feridos dos ditos confrontos.
Que sorte, dizem vocês. Sorte não!!
Porque a Patty estava era PROTEGIDA (ah pois é) por 3 policias GIGANTES que me obrigaram a parar no Principe Real e soprar lá no tal balão.

O Episódio:

- Ingeriu bebidas alcoólicas?
(Devia ter ingerido, talvez fosse mais fácil esquecer que existo)
- Não
- Então não se importa de vir fazer o teste comigo
(claro que não, são 3 da manhã, eu não tenho mais nada de útil para fazer da minha vidinha, por isso empate aqui a minha noite o tempo que quiser)
- Claro (respondi eu)
- Já soprou alguma vez?
- Já...sabe.. Sr Guarda, tenho uma certa tendência para acharem que tenho cara de miuda que se afoga em copos. Mas estas olheiras são apenas fruto do meu (projecto) de namorado me ter deixado, e de não dormir há 2 semanas, por isso vamos lá despachar isto, ok? (A Patty PENSOU isto..., não disse, era capaz de o Sr polícia se pôr a chorar cmg, ou prender-me por ser uma insolente!!)
-Respire fundo...e sopre continuamente
-Ah Sim, Sr Guarda, isso eu consigo... isso eu sei fazer, porque se há coisa que tenho feito nos ultimos 15 dias é respirar fundo...
- Que idade tem?
- 25 (sim eu sei que parece que tenho 15)
-Pronto, já está... pode seguir Sr condutora (
que sexy!!)
- Obrigada (respondi)
e seguiu-se aquilo que devia ter dito...
-Obrigada, Olhe, e com todo o respeito, que tenho pelo seu trabalho, com esses tubinhos na mão a querer F*** a vida ao pessoal, parece que andam prali aos tiros, assim um bocadinho mais abaixo. E parece também que vão haver confrontos, de onde sairão vários feridos. Li no seu horóscopo. Se calhar o melhor era arrumarem as vossas malinhas com os tubinhos, os papelinhos com as estatisticazinhas e as laterninhas e irem para onde são realmente precisos, que é tipo onde andam a matar pessoas, tá??? É QUE EU TOU CHEIA DE SONO E QUERO IR PARA CASA!!!"

A minha Rititi diz que o meu próximo flirt é um polícia...
Não são tão giras as minhas noites?
Não é tão gira a minha vida?
hum... pois...se calhar não..

21 maio 2008

Por estes dias (parte II)



Sinto que estou a crescer...

(e não é para os lados, que isto dos desgostos até tem o seu lado positivo. A barriga desapareceu, e as calças lá vão caindo pelas pernas abaixo, o que pressupõe um verão de bikini no sitio certo. Nem tudo é mau :) )

Por estes dias

A minha vida sem mim.
Acordar, ir trabalhar (ou não), tentar respirar, tentar arrumar a "casa", o tudo que ficou por definir, explicar, wathever...
Há alturas na vida em que o dia-a-dia não é apenas mais do que isso mesmo... o dia a dia, ou seja, um dia depois do outro, e outro, e outro. Até o coração acalmar, a cabeça racionalizar, a vontade voltar e mais uma vez, como tantas outras vezes, de novo tentar.
Às vezes tem mesmo que ser assim, tem que se descer bem fundo, para depois trepar com força, com certezas, objectivos, e perspectivar tudo de novo. Começar do zero, e voltar a construir aquilo que foi destruído sem alerta nem aviso.
Gostava de ter podido respirar fundo antes de mergulhar. Encher o peito de ar, para aguentar mais tempo debaixo de água. Mas não. Não tive tempo. E agora sinto-me sem ar, e sem capacidade para voltar à tona.
É demasiado fácil desistir, e por isso mesmo, nada tem sido fácil por estes dias. Porque eu não desisto, e pela primeira vez, tenho que o fazer. Por mim, apenas e somente por mim. Porque quero, porque sinto que atingi todos os meus limites. Porque já não me apetece chorar mais, porque já não tenho lágrimas, porque nada do que escrevo faz, mais uma vez, sentido, porque escrevo apenas para aliviar a angústia que ainda é corrosiva, a mesma que me vai tornar mais forte, decidida. A mesma angústia que me faz ter a certeza que o mundo não acabou.
Fiz tudo aquilo que as crianças adolescentes fazem quando têm um desgosto de amor. Eu...logo eu...que guardo tudo, deitei tudo fora. Os "presentes" como ele fazia questão de corrigir, quando eu dizia "prendas", as mensagens, as fotografias no computador... tudo! Já não há nada físico que lhe tivesse pertencido, no meu espaço. Até o número de telefone apaguei (embora ainda o saiba de cor, um dia também se desvanecerá) Porquê? Não sei. Foi um alivio, uma defesa, uma forma de tentar que tudo desapareça mais facilmente. É infantil? Talvez! Mas acho que fui demasiado adulta nesta "relação", por isso, permitam-me ser uma menina pequenina a acabá-la. Deitei tudo fora porque cada dia que passa tenho mais a certeza que nada daquilo algum dia foi verdade. Já nada que o simbolize tem lugar ou espaço na minha vida, por isso decidi, também por estes dias, que este seria o último texto que escreveria sobre ele.
E depois de resolver tudo isto aqui dentro do meu coraçãozinho cor-de-rosa e cheio de sonhos desfeitos, vou voltar a ser eu. A rir, a chorar, a refilar, a pôr e dispôr... e um dia, quem sabe, voltarei a sentir e a dar tudo aquilo que dei.
Arrependida?
Não.
Algures, um dia, alguém se vai arrepender por mim.
E assim será.
Por estes dias... A minha vida (ainda) sem mim...

Patrícia

16 maio 2008

Agora vamos rir...

da desgraça alheia...

(Qualquer semelhança com a vida real, é pura coincidência)

Como ser cabrão: A abordagem.

Um cabrão pode parecer cabrão de aspecto mas nunca na atitude. Um cabrão nunca diz que é um grande cabrão. Ele faz-te sentir especial, única. Vais sentir que estás a dominar a situação e que vais quebrar o role de engates que ele tem no currículo. Um cabrão, na primeira fase da abordagem, não te ignora nem te faz sentir mais uma. Desde mandar flores, enviar-te lingerie para o emprego exactamente do teu número se for um cabrão mais requintado, fazer-te surpresas (como levar-te a um hospital e dizer nas Urgências que não estás bem porque não vês que ele é o amor da tua vida, e isso é grave e uma Urgência), escrever-te cartas de amor irresistíveis ou mandar sms consecutivamente se for um cabrão dos modernos ( sms do tipo: “Não me sais da cabeça. E agora?).

Como ser cabrão: Marcar o encontro.

Um cabrão como deve ser não aceita um Não. Ele vai insistir sempre até tu cederes. Um cabrão não fica à espera que faças alguma coisa. Ele é proactivo. E não gosta de jantares sem sobremesa. Não tem paciência para a conversinha, o cinemazinho, os passeios no parque. Jantar, só uma vez e depois a coisa fica resumida a sexo. Não muitas vezes porque já está outra em fila de espera e não há que fazê-la esperar muito.

Como ser cabrão: o desfecho.

Há sempre um desfecho com o cabrão e ele quase sofre com isso. E aqui é que se vê se é um cabrão-aprendiz ou um cabrão-mestre. Um cabrão aprendiz desaparece, ou diz-te que está com problemas ou o célebre “não és tu, sou eu”. Um cabrão-mestre faz-se sentir mal por ter de partir.

12 maio 2008

Gostava que...


... se pudessem comprar "partes" da vida.
Tipo... A vida profissional não ia bem, e deslocávamo-nos a uma loja e escolhiamos um emprego novo. Claro que tudo teria de ser à medida das possibilidades de cada um. Quanto melhor o emprego, mais caro seria. Depois era só investir nele e um dia mais tarde trespassá-lo pelo dobro do preço.
Depois, vinha a vida pessoal. Devia MESMO haver uma loja de homens. De todos os estilos e feitios, e todos com um livrinho de instruções, com todas as virtudes, defeitos e manias, para ninguém sair lesado.
E assim se plantava uma vida nova, com tudo novo, sem ter que esperar, sem ter que desesperar, sem ter que sofrer e chorar quando tudo foge ao nosso controlo, quando nos sentimos impotentes perante a vida, perante nós próprios e perante os outros.
Gostava que tudo fosse mais prático, menos doloroso, menos difícil.
Gostava de conhecer pessoas menos complicadas, porque para complicada já basto eu.
Gostava de saber porque é que, mais uma vez, te foste embora e me deixaste sozinha e perdida num mar de dúvidas e perguntas sem resposta...

05 maio 2008

Leonor


Para a Leonor que nasceu para o mundo no dia 20 de Abril, e que o contempla com os olhinhos muito abertos.


Voando vai para a praia
Leonor na estrada preta.
Vai na brasa, de lambreta.

Leva calções de pirata,
vermelho de alizarina,
modelando a coxa fina,
de impaciente nervura.
como guache lustroso,
amarelo de idantreno,
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.

Fuge, fuge, Leonoreta:
Vai na brasa, de lambreta.

Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pela cintura.
Vai ditosa e bem segura.

Com um rasgão na paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.
Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que se enterra.
Tudo foge à sua volta,
o céu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta,
lembra um demónio com asas.

Na confusão dos sentidos
já nem percebe Leonor
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.

Fuge, fuge, Leonoreta
Vai na brasa, de lambreta
.

Poesias Completas

António Gedeão