11 março 2007

Ora toma e embrulha!

Ódio por ele? Não... Se o amei tanto,
Se tanto bem lhe quis no meu passado,
Se o encontrei depois de o ter sonhado,
Se à vida assim roubei todo o encanto...

Que importa se mentiu?
E se hoje o pranto
Turva o meu triste olhar, marmorizado,
Olhar de monja, trágico, gelado
Como um soturno e enorme Campo Santo!

Ah! nunca mais amá-lo é já bastante!
Quero senti-lo d’outra, bem distante,
Como se fora meu, calma e serena!

Ódio seria em mim saudade infinda,
Mágoa de o ter perdido, amor ainda.
Ódio por ele? Não... não vale a pena...

Florbela Espanca


8 comentários:

Sound and Fury, signifying nothing disse...

Assim sim! E ainda bem que a Florbela Espanca o sentiu antes de nós e o descreveu desta maneira. Durante algum tempo não se tem a noção disso, mas ela Tem TODA a razão aqui.

Beijinho grande e obrigada por hoje me/nos teres dado a conhecer este poema

Batista disse...

Quer-me parecer que em todo este cenário houve alguém deveras inspirado: não sei se a Espanca (era assim que os amigos a tratavam...Flor...Espanca...adiante) que colocou em palavras tantos dos pensamentos que nos assolam a alma, se a Patiti, que deu mais um passo em frente na "ressaca"...Quer-me parecer que o teu blog está a transformar-se numa verdadeira "sala de chuto", onde, convenhamos, eu gosto de "matar o bicho" de bons textos.

Anónimo disse...

É que é mesmo isso miga!
Embora, nem sempre os poemas da Florbela sejam "bons conselheiros" (por ela estar quase sempre triste com a vida - a prova é q não aguentou...) acho q este é um daqueles q dá força!
Agora que o reli, relembrei alguns momentos em que me agarrei a essa força para permanecer... E ainda hoje penso que devemos aproveitar aquilo que vivemos, devemos lutar por aquilo em que acreditamos e sentimos, mas não podemos deixar que nos deixem lá no fundo (essencialmente se não nos respeitam...)
Acabou, acabou, não vale a pena guardar rancor, sentir ódio por ninguém, por nada, porque o ódio implica gastarmos energias a pensar numa pessoa que não merece mais... E como se costuma dizer "a vida são dois dias"! Não percamos tempo com lamúrias e com quem não merece! É que não vale mesmo a pena, miga!
Tadoro princepessa ***

Patricia disse...

Ora bolas que isto é só gente deprimente, basta eu por aqui um poema mais romãntico e fica logo tudo a lamuriar-se com a minha vida. é um poema cheio de força MENINOS, positivo, optimista. não há cá nem ressacas, nem lamúrias, nem salas de chuto! e não é dirigido a ninguém em especial, por isso vá, deixem lá de fazer a telenovela. ahahaha kiss kiss

PS- a ana foi a única q se manteve discreta e imparcial. muito bem!

Batista disse...

Sim, sim, Patiti...lembraste-te...podias ter colocado aqui um poema sobre a Feira de Borba, mas não...

Anónimo disse...

Eu também disse que o poema era positivo e cheio de força! E que todos nós deviamos levá-lo à letra, sempre... Há é dias em que sentimos + necessidade desta força. Nada acontece por acaso... ***

Batista disse...

Bom, então isto quer dizer que fui mesmo o único a desconversas...ohhh triste vida a minha (ups, não podia ter dito isto...é tabu)...ehhhh entããããoooo...ohhhh vidinha alegre que eu tenho. E...linda...e animada !! e positiva, muito positiva !!!!!!!!

Melhorou ?

Sound and Fury, signifying nothing disse...

Ahah! Eu fui imparcial neste tema! :p Ossos do ofício de ter chegado à mesma conclusão que a Florbela Espanca há umas semanas. E pensar que levei anos para perceber uma coisa tão simples..! E a vida é bela, depois de se aceitar isso, pelo menos no meu caso.

Esta minha digressão foi só para deixar aqui um bocadinho do meu lado parcial, Pati, não leves a mal :) Beijinho grande